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Astrologia – Em defesa da Arte Régia

Resposta ao Jornal Público por Luís Resina em 2013



A propósito do artigo que saiu no Público "A Fraude da Astrologia uma Ciência que não é Ciência" levou-me de imediato a escrever um outro "Em Defesa da Astrologia" enviado para o Jornal Público que passo a divulgar.

Astrologia – Em defesa da Arte Régia


A propósito do artigo “Astrologia e Ciência” de João Fernandes e Pedro Russo publicado no Jornal Público no dia 6 de Agosto de 2013


Cabe-me como estudioso da matéria elucidar alguns pontos de vista apresentados no vosso artigo que ajudem a diferenciar entre aquilo que hoje se designa por “ciência, conhecimento, técnica e crendice” aplicados à astrologia.

Em primeiro lugar, o termo utilizado por Maria Flávia de Monsaraz para definir a Astrologia foi chamá-la de “linguagem simbólica”, ao serviço de uma Ciência Esotérica.

Ora sabemos desde a génese do pensamento ocidental, nomeadamente na antiga Grécia, que este saber esteve ligado às escolas de Mistérios com entrelaçamentos na tradição egípcia e caldaica, mais tarde em Alexandria com Ptolemeu, temos uma sistematização deste conhecimento nos quais a Astrologia e a Astronomia são abordadas como saberes complementares. Para os antigos gregos, tudo o que implicasse uma visão e um sentido de vida era considerado como uma Gnosis ou uma Sophia, já o termo “Episteme” utilizado por Platão esboça a primeira visão do conhecimento científico - um corpo organizado de conhecimento.

A Tradição ou Ciência Esotérica nessa época era passada de Mestre a discípulo por via oral, porque havia saberes que nunca poderiam ser demonstrados pela experiência democrática acessível a todos! Porque nestas coisas de Esoterismo (a via Iniciática), só experimenta a revelação da “verdade-Aleitheia” luz do Ser, quem tiver os seus corpos energéticos preparados para a respectiva recepção vibratória da Luz! Nesse sentido, o conhecimento esotérico é profundamente elitista e só se encontra acessível por vivência interna e não por demonstração axiomática ou racional.

Estes princípios são de uma Ciência Esotérica aberta a todos mas somente acessíveis a alguns.

A Astrologia nunca foi uma ciência no sentido em que este termo tem nos dias de hoje, o seu conhecimento e as suas técnicas caíram em desuso a partir do século XVIII, porque com o positivismo e a divisão dos saberes, já poucos eram aqueles que detinham conhecimentos matemáticos e astronómicos para continuarem a se dedicar à Arte Régia. Sabemos hoje, que em Portugal chegou a haver uma cadeira de Astrologia na Universidade de Lisboa lecionada por Tomaz Torres no século XVI e os Jesuítas do Colégio de Santo Antão em Lisboa ainda a utilizaram no século XVIII.

A astrologia que os senhores chamaram de crença e muito bem, refere-se à divulgação da horoscopia que começou em França nos inícios do século XX. Esta é sem dúvida, uma criação sem fundamentos dos media desejosos de angariar mais público e rentabilidade, já faz algum tempo que vivemos no reino do lucro e da quantidade e facilmente esquecemos a qualidade inerente a certos saberes tradicionais.

Quero também elucidar que os “Astrólogos esotéricos” são raros, e tal como Fernando Pessoa, aliam o conhecimento à pesquisa e à prática, sabem aplicar o método científico nas suas pesquisas e não precisam que a ciência prove coisa alguma, pois sabem pelas suas verificações e pelos resultados obtidos que a Arte Régia é operativa. Ela tem um pouco de ciência aliada a uma técnica apurada, alguma psicologia e arte interpretativa, e muita sincronicidade nos seus fundamentos.

Como tal, nunca gostaria que esta Arte milenar fosse reduzida à nossa mera ciência, que tendo os seus méritos, nunca irá chegar pelos actuais meios em que se encontra, a explicar o sentido da Vida ou as profundezas da Psique.

Talvez não fosse por mero acaso que Kepler, Newton, Carl Jung e Einstein procurassem através dela algumas respostas para os mistérios insondáveis da existência!

Luís Resina

Astrólogo, formador, investigador e conferencista



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